terça-feira, 1 de julho de 2008

O significado do terrorismo

Terrorismo é um método que consiste no uso de violência, física ou psicológica, por indivíduos, ou grupos políticos, contra a ordem estabelecida através de um ataque a um governo ou à população que o legitimou, de modo que os estragos psicológicos ultrapassem largamente o círculo das vítimas para incluir o resto do território.

A guerra de guerrilhas é frequentemente associada ao terrorismo uma vez que dispõe de um pequeno contingente para atingir grandes fins fazendo uso cirúrgico da violência para combater forças maiores. Seu alvo, no entanto, são forças igualmente armadas procurando sempre minimizar os danos a civis para conseguir o apoio destes. Assim sendo, é tanto mais uma táctica militar quanto menos uma forma de terrorismo.

Segundo um estudo do Exército dos Estados Unidos da América de 1988 existe uma centena de definições da palavra Terrorismo.

Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Terrorismo

Atentado nos EUA




As ações terroristas realizadas em 11 de setembro de 2001 e que atingiram alvos e símbolos da nação americana em New York e Washington, materializam uma nova etapa dos conflitos que estão por surgir neste novo século. É a era da “assymetric warfare” refletindo, de modo destrutivo, a assimetria do mundo de hoje.

O que assustou no caso atual foi a grandeza e intensidade do ataque contra o alvo – os Estados Unidos da América (EUA) – que há muito tempo tem buscado formas de evitar esse tipo de ocorrência.

O terrorismo é um modo de guerra aceito e usado por grupos ou nações que entendem ser essa a maneira de lutar por suas causas. Condenado pela maioria dos países, essa forma de luta é considerada pela ONU crime contra a humanidade. Em todo o mundo, nos últimos 25 anos, em grandes atentados, cerca de 1.900 pessoas morreram vítimas do terror. Comparada a outras catástrofes nos EUA, a “blitzkrieg” terrorista de 2001 representará perda e choque incalculáveis. Em Pearl Harbor, marco na história americana, morreram cerca de 2.500 americanos e, em Oklahoma, marco mais recente, 168. Só em Nova York, haverá uma perda de algo em torno de 15 mil pessoas, segundo estimativas otimistas.

Nada na história da humanidade se compara a isso. Hiroxima e Nagasaki, tragédias da II Guerra Mundial, estavam em outro contexto: havia uma guerra para ser terminada. As conseqüências foram tão terríveis que a arma atômica nunca mais foi usada. No caso presente, é possível que fenômeno análogo aconteça, isto é, que o terror volte a ser de “baixa intensidade”.

Há choque e perplexidade nos EUA. No cidadão comum e nas esferas de governo.

Sem antecedentes a serem analisados, sem parâmetros estabelecidos e condições de se prever qual será a reação do país, podem ser levantados alguns aspectos que, com certeza, farão parte das ações a serem desenvolvidas para tentar esclarecer o ocorrido e, a partir daí, desencadear uma reação. Qualquer medida que o poder nacional dos EUA considerar adequada não terá objeção internacional.

Em primeiro lugar, não passou pela cabeça de nenhum norte-americano, em especial daqueles que têm a obrigação de zelar pela segurança nacional, que um atentado de tal monta pudesse ser perpetrado. Mesmo no caso do Pentágono, onde a hipótese do uso de uma aeronave contra o prédio era considerada, não houve como estabelecer qual seria a defesa possível. Em razão disso tudo não há, no momento, condições de reagir ou de explicar. A primeira tarefa é estatística: quantos mortos? Quantos feridos? Quais os danos? O “quem foi” ficará para mais tarde.

O assunto será tratado em clima de “crisis situation” e uma parafernália de hipóteses e situações vão ser levantadas para se tentar achar um caminho para a solução do caso.

Em segundo lugar, as engrenagens do aparato de segurança e de inteligência serão acionadas, em regime de urgência, para a busca de dados e informações essenciais para a montagem e execução de uma reação. Nesse ponto, serão buscadas ligações com os aliados a fim de que haja uma ação conjunta para fazer ver aos autores ou mentores do atentado que o ato desagradou a todos e a pressão possível de ser realizada tem caráter mais amplo. O apoio aos EUA deverá ser total.

Ultrapassada essa fase, surgirá uma linha de investigação para explorar a possibilidade de quebra na corrente de apoios que permitiu a realização das operações que resultaram nos atos terroristas. É provável que, mais cedo do que se imagina, essa possibilidade seja realidade.

A magnitude da operação, sua coordenação e execução, aparentemente quase sem erros ou falhas, permite a inferência de que houve um planejamento minucioso e demorado. Este fato leva à conclusão da necessidade do estabelecimento de uma extensa rede de apoio para que tudo saísse bem.

Dificilmente essa rede será tão compacta que não permita uma ruptura ou vazamento por parte de pessoas que, apesar de convicções políticas, não tinham idéia das conseqüências que a ação provocaria.

Do modo como foi realizada, é provável, ainda, que uma organização tipo “celular” tenha sido usada pela mente (mais de uma, talvez) que montou a operação, de tal modo que as partes não tinham conhecimento do todo. Tal procedimento daria mais segurança às operações e seria mais prudente. Em se confirmando essa hipótese será mais difícil, mas não impossível, chegar-se ao mentor principal.

Levantam-se suspeitas óbvias sobre radicais muçulmanos conhecidos. Admitem-se hipóteses de terror nacional, como Oklahoma. Nem uma, nem outra, neste momento encontram respaldo. É difícil crer que os terroristas “óbvios” corressem o risco de sofrer retaliações proporcionais ao dano causado. Da mesma forma, não se tem notícia de radicais norte-americanos ou ocidentais dispostos a morrer pela causa que defendem. Colocar a vida em risco, normal sob muitas circunstâncias, é algo muito diferente de ser “kamikaze”.

Difícil, pela mesma razão, que membros dos grupos “anti-globalização”, tão capazes de manifestações violentas, chegassem ao ponto de imolar-se em nome de uma “ideologia” ainda não consolidada como tal.

Os terroristas têm pouca chance de escapar em razão da condenação internacional do ato. Irã, Afeganistão, Síria, Líbia, por exemplo, já se manifestaram oficialmente contra o ataque. China e Cuba, idem. Resta ver a reação de alguns outros países-chaves que poderiam transformar-se em santuário como o Iraque ou, ainda, algum país africano.

De qualquer modo, a prevalecer esse sentimento de repúdio geral, obter abrigo será muito difícil. Diante das notícias que circulam nas agências internacionais o Iraque pode vir a ser um alvo compensador para as investigações. Se há dúvidas quanto à capacidade (e coragem) de organizar a ação, a prestação de suporte financeiro não pode ser desprezada.

Pelo exposto até aqui, seria lícito admitir-se a hipótese de que os mentores do atentado não assumirão sua autoria, seja por medo, seja por outra razão qualquer. Tal possibilidade, embora ilógica por não permitir ganhos políticos e, por isso, carecer de motivação efetiva, ajusta-se ao ineditismo, ousadia e conseqüências da ação realizada. Outra hipótese é o surgimento de várias “confissões” de responsabilidade com objetivo de auto-proteção ou de desinformação. É óbvio que quanto mais responsáveis, menor será a possibilidade de reação.

Os EUA, por sua vez, não irão tomar nenhuma atitude de “cowboy”. Haverá muita pressão interna e muita discussão a respeito do caso. Haverá, sobretudo, união. Partidos políticos e outras desavenças existentes no campo ideológico, em toda a sociedade, serão superadas em nome de um objetivo maior. Não será surpresa se criminosos de dentro e de fora das prisões movimentarem-se no sentido de auxiliar nas investigações. O “slogan” da CNN reflete o mote básico que impulsionará o comportamento da sociedade: “AMERICA UNDER ATTACK “e, aí, tudo virará esforço de guerra.

As agências de inteligência, a CIA em particular, serão acusadas de “falta de previsão”, apesar de gastarem muito dinheiro (algo em torno de US$ 30 bilhões/ano). A mídia repercutirá e aumentará reflexos da opinião pública. O caso vai ocupar manchetes no mundo inteiro nos próximos dez dias, pelo menos. Haverá, também, união em torno da busca de alcançar os culpados.

Levanta-se a hipótese de aumento dos controles de aeronaves, aeroportos e pessoas. Tal fato será verdadeiro em um primeiro momento, mas não servirá para garantir nada. As empresas aéreas cujos aviões foram seqüestrados têm regras rígidas de controle de passageiros e bagagens; os aeroportos de origem dos vôos do terror, da mesma forma, são (ou eram ...) seguros. Os terroristas, até onde se sabe, usaram armas brancas (facas e/ou estiletes) para dominar as tripulações e as aeronaves e lançá-las contra os alvos.

Outro ponto a ser considerado com relação aos controles sociais é o dogma americano que atribui à liberdade do cidadão a grandeza da nação e principal suporte da democracia e de seu modo de vida. É improvável, portanto, que esse princípio seja abandonado diante de uma ameaça sem rosto, perfil ou origem definidas.

Na verdade, por intermédio desse ato, o terror estabeleceu novas regras para a guerra do século XXI, ou melhor, colocou em prática o que vinha sendo levantado como hipótese desde o fim da guerra fria. Ficam, ainda, abertas as hipóteses do terror nuclear, do terror cibernético, do terror biológico, etc.

Ficam abertas, também, todas as portas da incerteza que caracterizam o mundo de hoje. Ficamos nós todos reféns de pessoas ou grupos inconseqüentes (para dizer pouco) que julgam poder resolver seus problemas por meio da intimidação e da ação terrorista. Ao longo da história da humanidade tal comportamento jamais prevaleceu e jamais prevalecerá. Apesar de todos os defeitos do ser humano, a maioria absoluta ainda age como tal e despreza a violência parida da insensatez.

É muito cedo, porém, para se ter uma real avaliação das conseqüências da “blitzkrieg terrorista”. Seus reflexos atingirão a todos nós e, por esta razão, conduzir o processo de recuperação do trauma será uma tarefa tão global como é o mundo desse início de século.

Fonte:http://www.olavodecarvalho.org/convidados/terrorismo.htm