quinta-feira, 16 de outubro de 2008

TERRORISMO NA RUSSIA

Neste abril de 2002, o presidente russo Vladimir Putin declarou que a guerra contra a Chechênia estava encerrada, apesar do chechênios continuarem a lutar contra a Rússia. O conflito é visto pelos chechênios como uma batalha pela sobrevivência e independência nacional, enquanto para a Rússia é uma luta contra o terrorismo. O resultado tem sido uma guerra sangrenta na região com alto número de vítimas em ambos os lados. Os chechênios vêm resistindo ao domínio russo por séculos, e não parece haver uma possibilidade de rendição. Não há sinais de que o conflito esteja chegando a uma solução.

A História do Conflito



Em 1859, após décadas de guerra, os chechênios foram conquistados pelo exército do czar russo. Desde o início da ocupação, os chechênios não aceitaram o domínio russo.

Durante a década de 1930, os chechênios foram forçados a obedecer aos soviéticos, tendo suas práticas religiosas controladas e sendo obrigados a trabalhar nos campos. Em 1934, os chechênios e os inguches foram unificados sob a Rússia Soviética e, em 1936, foram elevados ao status de república autônoma. Em fevereiro de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, o líder soviético da época Joseph Stalin acusou os chechênios e os inguches de colaborar com os nazistas. A república unificada foi abolida, e Stalin os deportou para o Cazaquistão. Os chechênios somente voltaram para seu território em 1953, após a morte do líder soviético.

A república chechênia-inguche foi restaurada em janeiro de 1957, e até 1991, permaneceu dentre uma das 21 repúblicas que constituíam a União Soviética. Essas repúblicas eram as unidades administrativas com maior autonomia dentro da Federação Soviética.

Em 1991, com a desintegração da União Soviética, a Chechênia separou-se da Inguchétia e formou a República de Ichkeria; os inguches formaram sua própria república. O governo russo e outras nações se recusaram a aceitar a independência da região. A Chechênia não conseguiu convencer estrangeiros a investir em sua economia.

Em dezembro de 1994, as tropas russas invadiram a Chechênia para esmagar o movimento de independência da república. As forças russas tomaram controle de diversas áreas em 1995, enquanto guerrilheiros separatistas controlaram grande parte da montanhosa região sul e realizaram atos terroristas em outras regiões da Rússia.


Cidade Chechênia

Um precedente para os acontecimentos atuais:

Um ataque terrorista semelhante ao recente no teatro russo ocorreu em junho de 1995 quando os chechênios se rebelaram na cidade de Budyonnovsk, ao sul, e tomaram mais de 1.000 reféns em um hospital. As tropas russas não conseguiram controlar a situação, resultando na morte de 166 reféns, além de policiais e soldados. Os terroristas afirmaram que queriam fazer os russos sofrerem da forma que os chechênios haviam sofrido. O governo russo negociou com os rebeldes a libertação dos reféns, permitindo que os terroristas escapassem, e negociando um acordo de autonomia com os líderes chechênios.

Ao longo dos anos, os rebeldes chechênios vêm realizando vários atos terroristas, tomando cidadãos como reféns.


Em maio de 1996, o presidente russo Boris Yeltsin, e o presidente chechênio Zelimkhan Yandarbiyev concordaram com um cessar-fogo; porém a luta continuou em ambos os lados. O governo russo ofereceu aos chechênios autonomia quase total dentro da Federação Russa, mas se recusou a permitir que a república se tornasse completamente independente. Enquanto alguns chechênios estavam dispostos a apoiar um acordo de paz para encerrar a guerra, os rebeldes continuaram a lutar, alegando que não fariam acordo por nada menos que a completa independência.

A primeira guerra entre russos e chechênios terminou em agosto de 1996 com a Rússia tendo perdido a guerra. Houve um acordo para adiar a decisão sobre o status oficial da Chechênia até 2001. Os russos retiraram-se, admitindo derrota, seguido por um cessar-fogo que deixou a Chechênia com sua autonomia. A guerra havia resultado em mais de 40.000 mortes e deixado centenas de milhares de pessoas desabrigadas.

Em maio de 1997 foi assinado um tratado de paz para oficializar os termos do acordo anterior. Ambos os lados prometeram não utilizar força militar e a Rússia prometeu apoio econômico à Chechênia, já que a região havia sido destruída pela guerra. Porém, a paz não durou muito e em agosto de 1999, a luta recomeçou quando militantes islâmicos (rebeldes chechênios) invadiram a república russa vizinha de Dagestan, ocupando diversas vilas, perpetrando atentados à bomba a apartamentos em várias cidades russas e matando cerca de 300 pessoas. Os líderes russos creditaram a autoria aos rebeldes Chechênios. Em resposta, as tropas russas bombardearam e invadiram a Chechênia, capturando a capital Grozny, e forçando a retirada dos rebeldes para as montanhas, onde continuaram a planejar ataques de guerrilha contra as tropas russas.

Os atentados terroristas à Moscou e outras cidades russas foram retomados. Os insurgentes e defensores chechênios levaram a batalha para além da Rússia, causando incidentes como seqüestros de aviões em países como a Turquia.

A guerra reduziu Grozny a ruínas e deixou milhares de mortos em ambos os lados. Cerca de 3.800 soldados russos haviam morrido e 14.000 haviam sido feridos. Os números dos rebeldes são ainda maiores. Ambos os lados cometeram atrocidades. De acordo com as Nações Unidas, atualmente mais de 150.000 chechênios estão refugiados, e há um número semelhante de desabrigados no país. A quantidade de civis mortos é desconhecida.

Acontecimentos Recentes



Em 24 de outubro de 2002, um teatro em Moscou tornou-se o novo palco para o terrorismo na Rússia. Cerca de 50 rebeldes chechênios, fortemente armados, tomaram o edifício enquanto um público de mais de 700 pessoas assistia a apresentação do musical russo “Nord-Ost” (Norte-Leste). Os separatistas chechênios libertaram inicialmente 150 pessoas: 20 crianças, todos os muçulmanos e um homem britânico de meia-idade com problemas de saúde. 50 rebeldes, dentre eles 10 mulheres, tinham bombas presas a seus corpos. Eles exigiram que a Rússia se retirasse da Chechênia, e afirmaram em uma mensagem televisionada que seu grupo, auto-intitulado “smertniki” (esquadrão suicida), estava disposto a morrer no teatro, levando consigo os “pecadores”. Além de russos havia também 75 reféns estrangeiros de 14 países diferentes, que os terroristas se recusavam a libertar, com o propósito de internacionalizar sua ação.

Diversos disparos foram registrados em partes diferentes do teatro. As Forças Especiais Russas cercaram o edifício, e insistiram em declarar que somente invadiriam o teatro se os rebeldes chechênios começassem a executar reféns. Esta mesma Força Especial foi incapaz de resolver o problema de 1995, quando 1.000 pessoas foram mantidas reféns no hospital. As negociações por uma solução pacífica continuaram, mas a situação era alarmante e as chances de um derramamento de sangue eram enormes.

Na manhã de sábado, no dia 26 de outubro, as forças Russas entraram no teatro para libertar os reféns. A operação começou após dois reféns terem sido executados pelos rebeldes. O líder terrorista Barayev tinha prometido começar a matar as pessoas às 6 horas daquela manhã. Porém ele iniciou as execuções 40 minutos antes do prometido.

Um gás, produzido a partir de ópio, foi jogado no sistema de ventilação e por buracos do chão do auditório que haviam sido feitos pelos soldados. O gás causou com que os terroristas e as vítimas ficassem inconscientes. As Tropas Especiais Russas entraram no teatro, mataram os terroristas que ainda estavam acordados e também mataram aqueles que já estavam sob o efeito do gás. Todos os terroristas tinham bombas apegadas em seus corpos e mais bombas estavam espalhadas pelo chão.

115 reféns morreram por causa dos efeitos do gás e por volta de 200 estão sendo tratados por intoxicação. 50 terroristas foram executados e não houve nenhuma vítima por parte dos soldados russos. Líderes políticos Russos e internacionais cumprimentaram o Presidente Putin na sua coragem e capacidade de ter libertado os reféns.

O cerco ao hospital em 1995 havia estabelecido um precedente para a negociação russa com os terroristas. Porém Putin manteve sua posição inicial de não negociação. Até agora durante seu mandato, ele tem sido forte ao lidar com a revolta na Chechênia. Nos últimos meses o presidente da Rússia vinha buscando apoio dos Estados Unidos e dos outros membros da OTAN para invadir a República da Geórgia onde muitos rebeldes chechênios buscam refúgio.

Acredita-se também que os rebeldes chechênios estejam ligados à al-Queda, e que durante a guerra no Afeganistão, alguns membros da organização refugiaram-se entre os rebeldes, muitos dos quais estão escondidos na Geórgia. Contudo, o fato é que os terroristas chechênios têm a intenção de prosseguir com os ataques, independente do apoio e financiamento da al-Queda.

A verdade é que novamente os cidadãos russos estão apavorados. Os rebeldes chechênios planejaram e conseguiram transportar armas e explosivos para destruir um edifício. A difusão do terrorismo é alarmante e não parece haver um lugar totalmente seguro, como observamos no ataque de 11 de setembro aos Estados Unidos, nos ataques do IRA contra a Inglaterra, nos ataques suicidas constantes em Israel, no recente ataque a Bali, e agora ao teatro em Moscou. Controlar e prevenir o terrorismo é uma batalha difícil; os guerrilheiros não usam uniformes, tem como alvo os cidadãos e não temem a morte. Os líderes mundiais estão reunindo grandes esforços contra esta guerra invisível. No caso da Rússia, é pouco provável que este seja o último ataque terrorista dos rebeldes chechênios.


Fonte:http://www.10emtudo.com.br/imprimir_artigo.asp?CodigoArtigo=58&tipo=artigo

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Uniao Europeia "Terrorismo"

Houve quase 500 atentados terroristas no território da União Européia em 2006, mas apenas um deles, um complô para explodir uma bomba transportada em uma mala que foi impedido pelas autoridades da Alemanha, se relacionava ao terrorismo islâmico, de acordo com um novo relatório da União Européia. Enquanto isso, o julgamento de um dos principais suspeitos pelo complô na Alemanha foi adiado, no Líbano.
Quase nenhum dos atentados realizados na União Européia em 2006 tinha relação com o terrorismo islâmico, mas o potencial impacto de um ataque cujo objetivo seria gerar grande número de vítimas faz do terrorismo islâmico uma prioridade para os investigadores europeus, ainda assim.

De acordo com relatório divulgado na terça-feira pela Europol, a organização policial da União Européia, houve 498 atentados terroristas em território da União em 2006. Apenas um ¿o caso alemão já mencionado- foi perpetrado por terroristas islâmicos.

A vasta maioria dos ataques terroristas foram executados por grupos separatistas e tiveram por alvo a Espanha e a França. Quase todos eles "resultaram apenas em danos materiais e não tinham a morte por objetivo", de acordo com os autores do relatório.

Mas ataques islâmicos como o caso da mala explosiva na Alemanha e os atentados em massa contra aviões que foram impedidos no Reino Unido tinham por objetivo causar grande número de vítimas, de acordo com o estudo, e como resultado "investigações sobre o terrorismo islâmico são claramente uma prioridade para as agências policiais dos países membros".

Metade das 706 detenções relacionadas a terrorismo, em 2006, tinham conexão com o terrorismo islâmico, e França, Espanha, Itália e Holanda lideraram em termos de número de suspeitos de terrorismo islâmico detidos.

Alguns poucos ataques por grupos anarquistas ou de extrema esquerda também foram registrados na Alemanha, Grécia, Itália e Espanha. O relatório concluiu que Espanha, França e o Reino Unido são os países da União Européia mais "severamente afetados" pelo terrorismo.

Um dos dois principais suspeitos no complô da mala explosiva alemã, Jihad Ahmad, foi colocado em julgamento na capital libanesa, Beirute, na quarta-feira, em companhia de três outros suspeitos libaneses.

No entanto, o julgamento foi imediatamente adiado para o dia 18 de abril, porque a defesa pediu que o caso fosse transferido para a cidade de Trípoli, no norte do país, a região de origem dos acusados. O outro principal suspeito, Youssef Mohammed el-Hajdib, está preso na Alemanha, mas será julgado in absentia pelo tribunal libanês, de acordo com informações veiculadas pela imprensa.

Enquanto isso, um novo relatório do Oxford Research Group, uma organização britânica de pesquisa, alertou que a política britânica e norte-americana quanto ao Iraque "gerou mais terrorismo na região". O relatório, intitulado "Beyond Terror: The Truth About the Real Threats to Our World" para além do terror: a verdade sobre as ameaças reais ao nosso mundo, afirma que a guerra contra o terrorismo que está em curso e, especialmente, a guerra no Iraque estão elevando o risco de futuros ataques terroristas em escala semelhante ao de 11 de setembro de 2001.

"Tratar o Iraque como parte da guerra contra o terrorismo... criou uma zona de treinamento de combate para os combatentes da jihad", afirma o estudo, alertando igualmente que qualquer intervenção militar no Irã seria "desastrosa". O relatório acrescentou que os Estados Unidos "são cada vez mais vistos como maior ameaça à paz mundial".

Redação Terra

fonte:noticias.terra.com.br

terça-feira, 1 de julho de 2008

O significado do terrorismo

Terrorismo é um método que consiste no uso de violência, física ou psicológica, por indivíduos, ou grupos políticos, contra a ordem estabelecida através de um ataque a um governo ou à população que o legitimou, de modo que os estragos psicológicos ultrapassem largamente o círculo das vítimas para incluir o resto do território.

A guerra de guerrilhas é frequentemente associada ao terrorismo uma vez que dispõe de um pequeno contingente para atingir grandes fins fazendo uso cirúrgico da violência para combater forças maiores. Seu alvo, no entanto, são forças igualmente armadas procurando sempre minimizar os danos a civis para conseguir o apoio destes. Assim sendo, é tanto mais uma táctica militar quanto menos uma forma de terrorismo.

Segundo um estudo do Exército dos Estados Unidos da América de 1988 existe uma centena de definições da palavra Terrorismo.

Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Terrorismo

Atentado nos EUA




As ações terroristas realizadas em 11 de setembro de 2001 e que atingiram alvos e símbolos da nação americana em New York e Washington, materializam uma nova etapa dos conflitos que estão por surgir neste novo século. É a era da “assymetric warfare” refletindo, de modo destrutivo, a assimetria do mundo de hoje.

O que assustou no caso atual foi a grandeza e intensidade do ataque contra o alvo – os Estados Unidos da América (EUA) – que há muito tempo tem buscado formas de evitar esse tipo de ocorrência.

O terrorismo é um modo de guerra aceito e usado por grupos ou nações que entendem ser essa a maneira de lutar por suas causas. Condenado pela maioria dos países, essa forma de luta é considerada pela ONU crime contra a humanidade. Em todo o mundo, nos últimos 25 anos, em grandes atentados, cerca de 1.900 pessoas morreram vítimas do terror. Comparada a outras catástrofes nos EUA, a “blitzkrieg” terrorista de 2001 representará perda e choque incalculáveis. Em Pearl Harbor, marco na história americana, morreram cerca de 2.500 americanos e, em Oklahoma, marco mais recente, 168. Só em Nova York, haverá uma perda de algo em torno de 15 mil pessoas, segundo estimativas otimistas.

Nada na história da humanidade se compara a isso. Hiroxima e Nagasaki, tragédias da II Guerra Mundial, estavam em outro contexto: havia uma guerra para ser terminada. As conseqüências foram tão terríveis que a arma atômica nunca mais foi usada. No caso presente, é possível que fenômeno análogo aconteça, isto é, que o terror volte a ser de “baixa intensidade”.

Há choque e perplexidade nos EUA. No cidadão comum e nas esferas de governo.

Sem antecedentes a serem analisados, sem parâmetros estabelecidos e condições de se prever qual será a reação do país, podem ser levantados alguns aspectos que, com certeza, farão parte das ações a serem desenvolvidas para tentar esclarecer o ocorrido e, a partir daí, desencadear uma reação. Qualquer medida que o poder nacional dos EUA considerar adequada não terá objeção internacional.

Em primeiro lugar, não passou pela cabeça de nenhum norte-americano, em especial daqueles que têm a obrigação de zelar pela segurança nacional, que um atentado de tal monta pudesse ser perpetrado. Mesmo no caso do Pentágono, onde a hipótese do uso de uma aeronave contra o prédio era considerada, não houve como estabelecer qual seria a defesa possível. Em razão disso tudo não há, no momento, condições de reagir ou de explicar. A primeira tarefa é estatística: quantos mortos? Quantos feridos? Quais os danos? O “quem foi” ficará para mais tarde.

O assunto será tratado em clima de “crisis situation” e uma parafernália de hipóteses e situações vão ser levantadas para se tentar achar um caminho para a solução do caso.

Em segundo lugar, as engrenagens do aparato de segurança e de inteligência serão acionadas, em regime de urgência, para a busca de dados e informações essenciais para a montagem e execução de uma reação. Nesse ponto, serão buscadas ligações com os aliados a fim de que haja uma ação conjunta para fazer ver aos autores ou mentores do atentado que o ato desagradou a todos e a pressão possível de ser realizada tem caráter mais amplo. O apoio aos EUA deverá ser total.

Ultrapassada essa fase, surgirá uma linha de investigação para explorar a possibilidade de quebra na corrente de apoios que permitiu a realização das operações que resultaram nos atos terroristas. É provável que, mais cedo do que se imagina, essa possibilidade seja realidade.

A magnitude da operação, sua coordenação e execução, aparentemente quase sem erros ou falhas, permite a inferência de que houve um planejamento minucioso e demorado. Este fato leva à conclusão da necessidade do estabelecimento de uma extensa rede de apoio para que tudo saísse bem.

Dificilmente essa rede será tão compacta que não permita uma ruptura ou vazamento por parte de pessoas que, apesar de convicções políticas, não tinham idéia das conseqüências que a ação provocaria.

Do modo como foi realizada, é provável, ainda, que uma organização tipo “celular” tenha sido usada pela mente (mais de uma, talvez) que montou a operação, de tal modo que as partes não tinham conhecimento do todo. Tal procedimento daria mais segurança às operações e seria mais prudente. Em se confirmando essa hipótese será mais difícil, mas não impossível, chegar-se ao mentor principal.

Levantam-se suspeitas óbvias sobre radicais muçulmanos conhecidos. Admitem-se hipóteses de terror nacional, como Oklahoma. Nem uma, nem outra, neste momento encontram respaldo. É difícil crer que os terroristas “óbvios” corressem o risco de sofrer retaliações proporcionais ao dano causado. Da mesma forma, não se tem notícia de radicais norte-americanos ou ocidentais dispostos a morrer pela causa que defendem. Colocar a vida em risco, normal sob muitas circunstâncias, é algo muito diferente de ser “kamikaze”.

Difícil, pela mesma razão, que membros dos grupos “anti-globalização”, tão capazes de manifestações violentas, chegassem ao ponto de imolar-se em nome de uma “ideologia” ainda não consolidada como tal.

Os terroristas têm pouca chance de escapar em razão da condenação internacional do ato. Irã, Afeganistão, Síria, Líbia, por exemplo, já se manifestaram oficialmente contra o ataque. China e Cuba, idem. Resta ver a reação de alguns outros países-chaves que poderiam transformar-se em santuário como o Iraque ou, ainda, algum país africano.

De qualquer modo, a prevalecer esse sentimento de repúdio geral, obter abrigo será muito difícil. Diante das notícias que circulam nas agências internacionais o Iraque pode vir a ser um alvo compensador para as investigações. Se há dúvidas quanto à capacidade (e coragem) de organizar a ação, a prestação de suporte financeiro não pode ser desprezada.

Pelo exposto até aqui, seria lícito admitir-se a hipótese de que os mentores do atentado não assumirão sua autoria, seja por medo, seja por outra razão qualquer. Tal possibilidade, embora ilógica por não permitir ganhos políticos e, por isso, carecer de motivação efetiva, ajusta-se ao ineditismo, ousadia e conseqüências da ação realizada. Outra hipótese é o surgimento de várias “confissões” de responsabilidade com objetivo de auto-proteção ou de desinformação. É óbvio que quanto mais responsáveis, menor será a possibilidade de reação.

Os EUA, por sua vez, não irão tomar nenhuma atitude de “cowboy”. Haverá muita pressão interna e muita discussão a respeito do caso. Haverá, sobretudo, união. Partidos políticos e outras desavenças existentes no campo ideológico, em toda a sociedade, serão superadas em nome de um objetivo maior. Não será surpresa se criminosos de dentro e de fora das prisões movimentarem-se no sentido de auxiliar nas investigações. O “slogan” da CNN reflete o mote básico que impulsionará o comportamento da sociedade: “AMERICA UNDER ATTACK “e, aí, tudo virará esforço de guerra.

As agências de inteligência, a CIA em particular, serão acusadas de “falta de previsão”, apesar de gastarem muito dinheiro (algo em torno de US$ 30 bilhões/ano). A mídia repercutirá e aumentará reflexos da opinião pública. O caso vai ocupar manchetes no mundo inteiro nos próximos dez dias, pelo menos. Haverá, também, união em torno da busca de alcançar os culpados.

Levanta-se a hipótese de aumento dos controles de aeronaves, aeroportos e pessoas. Tal fato será verdadeiro em um primeiro momento, mas não servirá para garantir nada. As empresas aéreas cujos aviões foram seqüestrados têm regras rígidas de controle de passageiros e bagagens; os aeroportos de origem dos vôos do terror, da mesma forma, são (ou eram ...) seguros. Os terroristas, até onde se sabe, usaram armas brancas (facas e/ou estiletes) para dominar as tripulações e as aeronaves e lançá-las contra os alvos.

Outro ponto a ser considerado com relação aos controles sociais é o dogma americano que atribui à liberdade do cidadão a grandeza da nação e principal suporte da democracia e de seu modo de vida. É improvável, portanto, que esse princípio seja abandonado diante de uma ameaça sem rosto, perfil ou origem definidas.

Na verdade, por intermédio desse ato, o terror estabeleceu novas regras para a guerra do século XXI, ou melhor, colocou em prática o que vinha sendo levantado como hipótese desde o fim da guerra fria. Ficam, ainda, abertas as hipóteses do terror nuclear, do terror cibernético, do terror biológico, etc.

Ficam abertas, também, todas as portas da incerteza que caracterizam o mundo de hoje. Ficamos nós todos reféns de pessoas ou grupos inconseqüentes (para dizer pouco) que julgam poder resolver seus problemas por meio da intimidação e da ação terrorista. Ao longo da história da humanidade tal comportamento jamais prevaleceu e jamais prevalecerá. Apesar de todos os defeitos do ser humano, a maioria absoluta ainda age como tal e despreza a violência parida da insensatez.

É muito cedo, porém, para se ter uma real avaliação das conseqüências da “blitzkrieg terrorista”. Seus reflexos atingirão a todos nós e, por esta razão, conduzir o processo de recuperação do trauma será uma tarefa tão global como é o mundo desse início de século.

Fonte:http://www.olavodecarvalho.org/convidados/terrorismo.htm